Viveiros de Castro e Deleuze. Tornar-se índio: rumo à produção do povo que falta

Devenir indio: hacia la producción del pueblo que falta

Resumo

O objetivo deste texto é dar conta das concepções de Viveiros de Castro relacionadas à noção de devir índio e suas implicações na articulação de uma ontologia política que aponta para a emergência dos desaparecidos. Nesse sentido, cada vez que se aborda a recuperação de Viveiros de Castro do sentido deleuziano da filosofia como contrapensamento, é revisto o gesto decolonial e libertário em que se resolve a antropologia pós-estruturalista do próprio antropólogo brasileiro. Da mesma forma, a marca de Deleuze é recuperada na articulação do multinaturalismo e do perspectivismo por Viveiros de Castro, em relação à função de conceitos como síntese disjuntiva, devir, diferença e multiplicidade. É abordado o significado do xamanismo na determinação viveiriana do conceito de cosmodiplomacia. A importância da interioridade das figuras da natureza e da cultura é destacada na viragem ontológica que o pensamento de Viveiros de Castro acarreta, como dimensão material da própria noção de devir indígena como espaço de autodeterminação ontológica e ontológico-política.